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"É tudo a fingir. É sempre tudo a fingir. Tu finges que és meu e eu finjo que sou tua, ambos fingimos que o mundo inteiro não importa perante a imensidão que é estarmos aqui, juntos; porque só assim, fingindo, podemos beijar-nos, como se fôssemos genuínos, como se o amor furtivo que fazemos fosse maior do que a casa onde nos escondemos, maior do que a cidade onde nos perdemos. É tudo a fingir, começámos por dizer nos pátios e quintais, em brincadeiras de criança, sem que pudéssemos saber que nos estávamos a amaldiçoar e que seria assim para o resto das nossas vidas, fingir para que pudéssemos beijar, foder e olhar quem se deitasse a nosso lado. É tudo a fingir, fingimos que não nos sentimos embaraçados por nos verem de mãos dadas na rua. Fingimos que não nos emocionamos com os dramas no cinema, que não nos dói quando nos arrancam pedaços do peito. Fingimos, abrimos o sorriso e a boca já pode dar-se num beijo, e o corpo já pode dar-se ao sexo fingindo que a primeira vez foi melhor do que o primeiro cigarro e que jurámos não repetir a coisa. Fingimos para que os passos continuem a levar-nos para a frente, para cima, para longe.
Fingimos. Eu que sou tua e tu que és meu. E em mais um orgasmo fingimos que é possível a leveza. E abraçamo-nos depois. "
Será que se consegue fingir mesmo tudo? ainda luto para acreditar que algumas coisas, conseguem escapar a esse mundo do completo fingimento. Como iria eu viver, sabendo que isto é apenas uma ilusão? ou será que tudo não passa de uma tentativa de sobreviver através de um maldito sonho.
Não quero voltar a sentir uma espada no meu peito, a arrancar-me um grito de dor, sem a conseguir descrever;
Não quero voltar a ser torturada com palavras que não quero ouvir, mas pelas quais dava tudo para poder ouvi-las de novo!
Não quero voltar a ser violada com gestos que não quero sentir, mas que desejo!
Não quero olhar no espelho e ver os meus olhos sem brilho... sem saber onde está a minha alma... perdida...
Não quero... afinal a Rosa tem razão. Tudo se pode fingir... mesmo a imensa realidade que nos rodeia.
2 Comments:
Afinal as máscaras não bastam. Há sempre quem consiga perceber o que se esconde. Mais medos, sim, Heidy, porque mais história.
Todavia acreditar ainda é uma realidade, mesmo que se caminhe pé ante pé, silenciosamente para não acordar os fantasmas.
Bendito passarinho esse que me reencontrou contigo :)
Rosa:
Tudo serve para proteger o outro eu. Esse que vive nas sombras. Que se esconde de si mesmo. Para? não voltar a sentir o sabor amargo da dor de algo. Ás vezes penso que o acreditar é todavia, uma tentiva para reconhecer a nossa existência. Conseguimos viver, embora exista um ferro em brasas a marcar a nossa pele. Talvez, e digo mesmo talvez, até o que nos magoa, e faça usar as tais mascaras, seja positivo. Dessa forma, sentimos o nosso sangue correr nas veias. Digo eu... que continuo a acreditar. Com ou sem fantasmas.
Rosita, esse passarinho é um dos que restam dos tempos antigos. Das outras Rosas. :) Mas também gostei de saber que tinhas regressado. :)
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