segunda-feira, dezembro 01, 2008

Raízes...

(foto tirada pelo meu primo Nuno)

Este, é um dos meus sítios. Um dos meus cantinhos. Onde regresso mentalmente, sempre que as coisas estão a ir ao fundo. Onde me recarrego, e que me faz prosseguir. Ali viveram quatro gerações... de Rosa... Dias... Antunes. Está de tal forma entranhada em mim... que quando fecho os olhos, ainda sinto o leve roçar da mão da minha avó. Ou os instantes em que ficava quietinha, com a cabeça encostada no peito dela, sentada no seu colo. Oiço a voz do meu avô a chamar-me... "já vou"- digo eu-, para logo desatar a correr para saltar direitinha para os braços dele. Acho-o grande. Mas percebo a sensação de segurança que emana... consigo meter-me nos seus ombros- com uma pequena ajuda-, e roçar a minha face na dele. Pica. :) São os nossos momentos. Vejo a sua mão calejada pelo duro trabalho, mas meiguinha quando me toca. "É na terra que está o nosso futuro"- disse-me quando tinha 3 anos... mais ou menos- "é aqui... sentes?"- depois abriu-me a mão e deu-me uma porção daqueles grãos-. Não tinha andado na escola. Mas sabia coisas... e contava-me histórias, enquanto andávamos de mão dada pelas terras, que ele tanto defendia, e que lhe estava nas veias.

Costumo dizer que a minha avó é o meu anjo da guarda. Pelo menos, quero pensar que sim. Tinha um sorriso tão meigo. Um tom de voz calmo- engraçado, recordo o tom, mas esqueci-me do som da sua voz-. Uns olhos que viam além de tudo. Sentada junto da sua lareira... tomava conta de nós, com uma paciência... senti falta disso quando partiu. Sinto falta. Ainda.

Fui a última pessoa da família, a falar com ela. Até hoje nunca percebi o porquê de ter voltado atrás. Parecia que eu queria prolongar algo. Não sei explicar. Hoje entendo aquele olhar. Ela sabia. Hoje também sei. Mas não me quis dizer. Não se despediu através de palavras. Apenas... fez o tal sorriso e disse que sim... que me iria ver no dia seguinte. E que iria para casa... mas ela sabia que não era verdade. E com aquela festinha... aquele apertado abraço... com aquele eterno sorriso, disse-me adeus... Quando me fui embora, recordo que tinha o coração apertado. Algo não batia certo. Mas com os meus 7 anos... se me falassem na palavra intuição... era estranho! Mas estava lá... naquele segundo... naquele instante... aconteceu...

Tudo isto são histórias de uma velha casa, com alma... onde cada pedra simboliza um momento... anos... de vida de várias pessoas... que por ali circularam e que vivem nas minhas recordações mais queridas.

- As minhas raízes estão ancoradas, no sitio onde deixo ficar cada pedacinho do meu coração... -

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