segunda-feira, junho 01, 2009

Uma grande verdade...

(Moi! 18\05\2o08, na pedra do leão-Sesimbra-. Foto tirada pelo Diogo)


"Sou feliz por ter nascido

No tempo dos homens-rãs

Que descem ao mar perdido

Na doçura das manhãs.


Mergulham, imponderáveis,

Por entre as aguas tranquilas,

Enquanto singram, em filas,

Peixinhos de cores amáveis.


Vão e vêm, serpenteiam,

Em compassos de “ballet”.

Seus lentos gestos penteiam

Madeixas que ninguém vê.


Oh que insólita beleza!

Festivo arraial submerso.

Poema em líquido verso.

Biombo de arte chinesa.


No colóquio voluptuoso

Dessa alegria pagã,

Babam-se os olhos de gozo,´

Na mascara do homem-rã.


Suspensas e sonolentas,

Rendas de bilros voláteis,

Esboçam-se as formas contrácteis

Das medusas nevoentas.


Num breve torpor elástico,

Como dobras de sanefas,

Estremecem as acalefas,

E as alforrecas de plástico.


Com barbatanas calçadas

E pulmões a tiracolo,

Roçam-se os homens no solo

Sob um céu de aguas paradas.


Passam por entre as lisonjas

Das anémonas purpúreas,

Por entre corais e esponjas,

Hipocampos e holotúrias.


Sob o luminoso feixe

Correm de um lado para o outro,

Montam no dorso de um peixe

Como no dorso de um potro.


Onde as sereias de espuma?

Tritões escorrendo babugem?

E os monstros cor de ferrugem

Rolando trovões na bruma?


Eu sou o homem. O HOMEM!

Desço ao mar e subo ao céu.

Não há temores que me domem.

É tudo meu, tudo meu."


António Gedeão.

(teatro do mundo)


É exactamente desta forma que me sinto quando desço ao mundo liquido! Nesses momentos, enquanto o ar dura... sou dona de mim mesma... senhora do meu próprio espaço... onde posso levitar... fechar os olhos e partir. Ali sou tudo... e ao mesmo tempo, não sou nada. Frágil. Forte. Limitada. Ilimitada. "De pulmões ás costas... e de barbatana calçada", viajo e conquisto... cada bolha... leva-me para outros recantos... outros sentidos. .

"É tudo meu, tudo meu."
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