Eu Sentei e Chorei.IV

"Eu estava ali porque, de repente, a vida entregou-me à Vida. E não sentia culpa, medo ou vergonha. À medida que ia ficando perto dele- e o que ouvia falar- ia-me convencendo de que ele tinha razão: existem momentos em que ainda é preciso correr riscos, dar passos loucos.

«Fico dias a fio diante daquele livro e cadernos, a fazer um esforço sobre-humano para comprar a minha própria escravidão» (...)

Porque, na vida real, o amor precisa de ser possivel. Mesmo que não haja uma retribuição imediata, o amor só consegue sobreviver quando existe a esperança- por mais distante que seja- de que conquistaremos a pessoa amada.

O resto é fantasia.

(...) ele propôs-me um brinde do outro lado da mesa:

- Ao amor! disse.

(...)

-Aos sabios, capazes de entender que certos amores sãs tolices de infância- disse eu.

- Aquele que é sábio, só é sábio porque ama. e aquele que é tolo, só é tolo porque pensa que pode entender o amor- respondeu ele."

"Na margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei"

Paulo Coelho