No fundo da gaveta

Tenho andado a camuflar as minhas preocupações, com coisas tão fúteis que até a mim já me enjoam!

Tenho de me resolver... urgentemente! Não me estou a reconhecer... e faz-me falta sentir a sombra da minha presença. Estranho não é? Eu que me tento expulsar de vez em quando do meu espaço... preciso de ser devolvida ao mesmo... com ou sem aviso de recepção... não quero saber.

Ia amandar uma piadola neste momento, mas perdeu o sentido. Hoje não me apetece aliviar o conteúdo. Séria... ou nem por isso, ficará como eu o deixar no fim. Sem lhe alterar o seu corpo... estado ou temperança. Se me sinto frágil... não vou fugir desse sentimento. Fartei-me! Posso olhar para trás, e observar um sem número de momentos onde tive vontade de ser eu... sem me chatear com a existência de uma suposta mascara. Chorar sem ser recriminada... estar de cabeça baixa, nem que seja por breves instantes. Não me rala que estejam a observar-me. Olhem! Falem sobre o assunto... quando acabar o descanso, levantar-me-ei de novo. Não tenham duvidas. velhos hábitos não terminam assim de um momento para o outro. As forças podem falhar... mas a vontade renasce sempre. Mesmo que neste instante, esteja tão pequenina... e sem brilho...

Viagem Rossio-Mercês

1997