Ir além desta dimensão...
Casal separado pela barreira das dimensões físicas... um encontra-se aqui... outro já está no além. Casados durante 40 anos... já excluindo os anos de namoro. O que os une neste momento? A saudade de quem partiu. A companheira que já não está ali. Os mimos que já não se trocam... as turras e as reconciliações. Os sons não se escutam pela casa. Só os ecos do passado. Aqueles que findaram a partir daquela manhã. Como se resolve essa dor? Como se buscam mais instantes? como voltar e ter de novo esse ser que partiu sem uma despedida?
Sentado no sofá... com um comando na mão... televisão ligada... vídeos trazem outros tempos.
Ela está ali. A imagem para. As lágrimas correm sem dissimulação. Clica e deixa avançar... ela fala... brinca... ri... ele responde... conta-lhe coisas... o que fez durante o dia... de novo, escuta... uma... duas vezes. Deixa-se deslumbrar e consegue esquecer durante aqueles minutos a enorme dor que o assola.
Ao longe, quem escuta este diálogo, percebe que por breves segundos, aquele cantinho voltou a ter luz... vida. Responde mais uma vez... chegam pessoas... desliga apressadamente dizendo um "até já"... ou um "até logo". A cassete é colocada perto dele. É o segredo. Só seu.
Sinto-me mal por participar de forma forçada nesses momentos. Tento afastar-me. As paredes deixam o eco das palavras chegarem de novo até mim. Esse pedacinho de tempo não deveria ser meu. Não pertenço a esses instantes. Não quero roubar essa intimidade.
Esta história, faz parte de uma outra história de vida. Nos dias de hoje, quando observamos sentimentos serem usados com tanta futilidade... sem aquela profundidade que os vai tornar especiais... amor agora... ódio no próximo instante. Observar este sentir antigo... deixa-me sem
palavras. O lado instantâneo fica sem sentido.
Sentado no sofá... com um comando na mão... televisão ligada... vídeos trazem outros tempos.
Ela está ali. A imagem para. As lágrimas correm sem dissimulação. Clica e deixa avançar... ela fala... brinca... ri... ele responde... conta-lhe coisas... o que fez durante o dia... de novo, escuta... uma... duas vezes. Deixa-se deslumbrar e consegue esquecer durante aqueles minutos a enorme dor que o assola.
Ao longe, quem escuta este diálogo, percebe que por breves segundos, aquele cantinho voltou a ter luz... vida. Responde mais uma vez... chegam pessoas... desliga apressadamente dizendo um "até já"... ou um "até logo". A cassete é colocada perto dele. É o segredo. Só seu.
Sinto-me mal por participar de forma forçada nesses momentos. Tento afastar-me. As paredes deixam o eco das palavras chegarem de novo até mim. Esse pedacinho de tempo não deveria ser meu. Não pertenço a esses instantes. Não quero roubar essa intimidade.
Esta história, faz parte de uma outra história de vida. Nos dias de hoje, quando observamos sentimentos serem usados com tanta futilidade... sem aquela profundidade que os vai tornar especiais... amor agora... ódio no próximo instante. Observar este sentir antigo... deixa-me sem
palavras. O lado instantâneo fica sem sentido.
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