sábado, maio 06, 2006

Sentada num canto da mesa



Com o virar da página dos 20 para os 30, mudei. Não foi uma coisa que aconteceu num dia; num minuto; segundo. Aconteceu. Uma caminhada levou a outra, e assim sucessivamente, chegando ao ponto onde me encontro actualmente.
Posso dizer, sem vergonha, que era uma miúda insegura; tímida... de vez em quando. lol Mas sempre combati essa vertente. Cheguei ao ponto de me sentir melhor, no meio de um grande grupo, do que ao pé de 2 ou 3 pessoas. Os meus colegas de escola tinham uma ideia, de que era "meio anarquista", porque estava sempre pronta para dizer o tal não; os de trabalho... não ficam com nada, estão na corda bamba. Porquê? como se costuma dizer, trabalho é trabalho; conhaque é conhaque. Sou amistosa, mas... só quem eu quero, é que sabe alguma coisa da minha vida privada. Não admito que se intrometam. Mas, tenho um excelente ambiente de trabalho.
Em casa, sempre separei os campos. Deixei de ser a menina do papá muito cedo. Demasiado cedo. Era muito teimosa (que o meu pai nunca veja o que acabei de escrever). Sempre tentei até às últimas fazer as coisas por mim, e durante muito tempo senti-me culpada. De quê? talvez por não ser a filha perfeita, que cá em casa imaginavam que eu iria ser... sei lá! De tanto tentar empurrar as coisas para a frente, talvez tenha perdido algo, nalguma encruzilhada. Não sei! São sentimentos, que crescem dentro de nós, para os quais não temos explicação. Sente-se, mas como no meu caso, nunca consegui exprimir. Razões plausíveis não existem.
Ora bem, onde ia? ah sim, nos pais galinha que me atribuíram no acto da minha concepção. Amo a minha familia, mas por vezes atrofiam-me. ;) Escondi muita coisa deles. Inclusive eu própria. passei a minha adolescência, de bico calado em relação a determinados assuntos. Era tabu. Eu sabia que não podia falar. Eles sabiam que não queriam ouvir. Logo, estabelecemos um pacto- senão se fala, a questão não existe-. Sobrevivemos. Isso é o que conta. Ninguém pergunta como se chega a um resultado num jogo de futebol. Muitos anos depois, só iremos recordar quanto ficou e na melhor das hipóteses quem marcou. Quem se vai lembrar das faltas cometidas? dos cartões que ficaram por levantar? dos frangos do guarda-redes? A vida pode ser vista dessa forma. Por muito complicada, ou fácil que tenha sido, não passam de meros momentos. Acções. Concretizações. Formulas. Eu sou isto! Má. Boa. Mas não deixo de ser eu. Esta foi a grande lição, que retirei destes anos que vivi até agora. Existem pormenores que não valem nada. E outros que nos passam um pouco ao lado, que podem até passar despercebidos, mas que se podem transformar, no tal tudo na nossa vida. A paragem, onde se pode descer e repousar um pouco para apreciar uma nova paisagem; um novo cheiro; um novo sabor.

3 Comments:

Blogger heidy said...

Albatroz:
Eu ainda estou na fase da aprendizagem. Durante muitos anos, olhei para mim, de determinada forma. Hoje assumo o que sou, embora ainda tenha muito trabalho pela frente. ;)

12:22 da tarde  
Blogger margusta said...

Olá Heidy,
...gostei de te ler nesta tua "viagem" ao centro de ti....

"De tanto tentar empurrar as coisas para a frente, talvez tenha perdido algo, nalguma encruzilhada. Não sei! São sentimentos, que crescem dentro de nós, para os quais não temos explicação."

Sabes que por vezes tb eu sinto isso...tb eu me emancipei demasiado cedo da família através do casamento...e sabes houve tanta coisa que deixei para trás...por viver...porque logo de seguida tive a responsabilidade da minha própria familia...

Beijinhos e bom fim de semana!...

Ps. Tenho noticias publicadas sobre dois posts de Agosto de 2005 onde fos-te uma leitora bastante participativa :)))

2:18 da tarde  
Blogger heidy said...

Menina das tranças:
Em relação às crianças, meto cola nos dedos. Porque já vi demasiadas coisas, para saber que nem tudo o que parece, realmente é. Sei que estás envolvida no assunto de forma emocional. Se puderes ajuda a avô.
Agora vou dar-te uma dica, eu faço parte de uma associação há cerca de 17 anos, que auxilia esses casos. Nós não podemos fazer nada, porque está fora do nosso "sitio". Mas de certeza que pelas tuas bandas, existirá uma asociação deste genero. A grande maioria, actualmente tem ATL, e apoio em generos ou na procura de algo com que se sustentar. Se quiseres, manda para o meu mail as informações sobre qual a tua area de residência (não é a morada), que eu vou procurar qual o sitio aonde essa senhora se possa dirigir. Okis?

2º- Finalmente ultrapassaste o trauma! Eu sabia!!!! É lindo! Eu estou a tentar convencer os meus pais a terem um ou dois em ferreira do zêzere. Lá eles têm mais que espaço para se movimenterem. :) No outro dia, quando fui à loja, buscar material para começar a fazer o meu aquário, vi vários anuncios com cachorrinhos. Fiquei babada com dois ou 3. ;) Mas tenho de me controlar. Se tiver, vou tentar salvar "alguns" de serem abatidos. Aí sim, estarei a fazer algo por aquilo que acredito. :)

E meninas e meninos, o verão está a chegar, estejam atentos aos animais que vão ser abandonados à porta das vossas casas. Lembrem-se de que existem instituições/associações que lhes dão o que os donos não lhes ofereceram, uma casa; comida, e quem sabe, um dono.

Beijokasssssssssss e kadê a data pah?

2:44 da tarde  

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