segunda-feira, abril 24, 2006

Onde estavam voçês há 32 anos atrás?

Eu sei muito bem, onde me encontrava. :) Queluz de baixo, dentro da barriguita da minha mamã. Contam as lendas, que por esta altura, ou terá sido mais cedo? hum... só sei que o meu pai se queixa, da madrugada perdida, À procura de melão, isto numa altura em que não havia hipermercados, nem nada desse género, porque a dona Manuela (senhora minha mãe), teve um ataque de desejos. Diz ela que foi por causa dos nervos. Desculpas, pois tá claro. Mas, como o sôr Adelino (meu pai), pensou e repensou nos meus ricos cabelitos (ainda cá estão os 5 metros, mas não por muito tempo), lá se levantou, a resmungar (hábito), tendo ido buscar, ao que parece, uma coisa, que segundo ele, não comia nem por toda a riqueza do mundo, mas que deixou a senhora grávida, mui contentinha "da vida". Enfim, para ser sincera, não fui eu, que que lhe dei a ideia de pedir aquele petisco. Juro! Eu nem corro quilómetros por melão. Agora se fosse cerejas; nêsperas... ai ai... aí assumia a culpa. Sem sombra de duvidas.
Voltando ao tema de conversa. Pois é! Cá a je, é a típica "menina", filha do 25 de Abril. Falhei por dias. Mas adorava ver pelos meus olhitos, o que aconteceu. Se pudesse, metia-me dentro de uma máquina do tempo, e ia coscuvilhar. Mas como não posso. Lá vou ouvindo isto e aquilo, mas não foi bem assim... ah pois, naquele tempo... humpf!
Ora bem, faz hoje 32 anos (não dá para esquecer a minha idade), que Portugal acordou de um sono dogmático (relembrando as aulas de filosofia sobre Kant), e gritou, sem medos, pela primeira vez após 40 e tal anos, essas palavras que foram tão sonhadas- Liberdade; Democracia-.
Durante anos, ouvi vários relatos, tanto dentro da familia; como de amigos mais velhos. A minha tia era a típica senhora do antigo regime. Viveu o Estoril dos anos 40 e 50. Salazar era considerado um salvador da pátria. Resumindo, teve uma sobrinha-neta, muito pró "vermelhita", o que no entender dela, tinha direito a uma ida sem volta para a fogueira e quase que verificava o meu quartito, para ver se eu não tinha como ídolo, a Catarina Eufémia (exagero meu, claro). Embora ao longo da minha existência, tenha tido muitas discussões com ela por causa da política, eu até que compreendia. sempre pensei que podia ter evoluído. Mas, não posso meter nada na cabeça das outras pessoas se elas não o desejarem. Certo? Só não admitia que me tentasse meter na tola, o quanto os americanos eram os melhores da festa(era fã incondicional deles). Aí sim, "ficava fora de mim".
O outro lado está na experiência paterna. Um pouco diferente por sinal! E para ser sincera, muito me orgulho dela. O meu avô paterno (touro tal como a netinha) era meio... desbocado! ;) Quando metia uma ideia na cabeça, ia até ao fim. E por diversas vezes, originou motins na terra, porque não se calava, quando achava que as coisas não corriam da forma que ele desejava. Resultado tenho um avô, referenciado pela Pide. Só não foi para a cadeia, porque tinha as "costas quentes". Mas, por causa do Zézito, e de outros tantos como ele, a terra esteve castigada muito tempo, por ex, na electricidade; água... etc. Somente após a subida ao poder, de Marcelo Caetano é que as coisas ficaram quase normalizadas. Por isso, se de um lado da familia, estavam os chamados betinhos (materno); do outro, era o inverso. lol Agora percebem, o porquê de dizer que levei com um cravo na tola à nascença. É uma mera desculpa. lol Está nos genes. Paternos, espero.
Em relação a amigos. Recordo-me de que há alguns anos atrás, tive de fazer um inventário de um grupo de jovens. Estávamos a celebrar os 25 anos, e precisávamos de nos comunicar, com antigos membros. Foi “muito giro”. Porque resultou, num desvendar de mistérios. Por ex, descobrimos, que amigos nossos, tinham sido vigiados. Famílias inteiras, eram vetadas pela censura, quando se candidatavam a entrar no grupo. E se alguém conseguia entrar, todas as suas palavras, gestos; passos eram minuciosamente relatados, e colocados no dossier respectivo. Imaginem, como é que as pessoas ficaram. Nem elas sabiam. Isto tudo, porque tios; pais... ou outro qualquer parente tinha sido referenciado na Pide. A mim, deu-me a ideia de opressão. Detestei imaginar-me naquela posição. Eu que sempre gritei, alto e em bom som, a palavra "Não". Estava lixada!
Apesar de todas as tropelias, prefiro viver nesta época. Ao menos ainda posso escrever umas baboseiras, estando a morrer de sono. :p

Vou desamparar-vos a loja, deixando aqui umas palavras, daquele que partilhou connosco os seus sonhos.


"Vejam bem

que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar


Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar


E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de de febre a arder

Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer

Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão

E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vem levantá-lo do chão
ninguém vem levantá-lo do chão

Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem
quando um homem se põe a pensar

Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar"

Zeca Afonso


Besitos e lembrem-se de que o "sonho comanda a vida". Desde sempre, e para sempre.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Então... parabéns!

5:32 da tarde  
Blogger heidy said...

luzinha:
De? lol acho que me perdi. :P Que eu saiba ninguém faz aninhos. Ou faz e não me lembrei? hum... mistério.

6:02 da tarde  
Blogger mitro said...

Estava longe... a sonhar num paísmelhor!
Hoje estou acordado...

6:47 da tarde  
Blogger pisconight said...

Eu era só mamar e dormir!!
;)

8:36 da tarde  
Blogger heidy said...

Eu sei pisco! Com 3 meses, pouco mais podias fazer. lol
Cá a je, como devem ter percebido, ainda não estava cá fora. Infelizmente. ;)

10:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ups...! esquece! Isto é o que dá visitar blogs, à pressa, nos intervalos entre um processo e outro! lol
Moral da história: enquanto se trabalha, não se brinca!
Beijinho
Dia feliz!

1:05 da tarde  
Blogger heidy said...

Luzinha:

Esse moral da história, tem a sua razão de ser. lol Mas... de vez em quando sabe bem. Embora por momentos me tenha assustado. Mas não! É a partir do dia 28 de Abril (amanhã,) que o meu calvário vai começar. lol Quem me manda a mim, ter a grande maioria de amigos a fazerem anos por esta altura? Enfim...
Barafustamentos à parte. Tás perdoada. ;p Ás vezes, também me acontece. Por causa do tempo, ou porque ainda venho com a ideia do que li anteriormente. :)

beijinhos e tem um resto de um excelente dia! ;)

4:28 da tarde  

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