Pouco ou nada falo sobre este assunto. Por vezes o tema vem à tona... e logo é esquecido... ou arrumado. Whatever. Mas nos ultimos dias... a revolta tem sido tão grande... que me vejo obrigada a enfrentar algo que eu não queria. Juro.
Sobre o que estou a falar? o caso da criança que supostamente foi vitima de maus tratos perpectuados por colegas. Pois é. É a isso mesmo que me estou a referir. Acho muita piada a esta sociedade hipocrita. Agora agem como se não soubessem o que anda a acontecer nas nossas escolas. Muitas das vozes que se levantam foram vitimas ou prevaricadores. E fingem... a todo o tempo... que se trata de um problema recente. Não é! Nunca foi. Nunca será!
O interessante desta causa... é que... as respostas por parte de quem deveria exercer o papel de educador... são sempre as mesmas. Um não querer saber... um passar ao lado... sei lá. Estou cansada! Passei tantos anos a ouvir desculpas esfarrapadas... mentiras pedantes. Que já as conheço de cor!
Há 26 anos, ouvi as mesmas tretas. Fui colocada numa turma... onde era a mais nova. Encontrava-me no 1º ano, com 10 anos acabadinhos de fazer. O aluno que mais se aproximava da minha faixa etária... tinha... 18. O resto, andava nos 23...25... 26. Naquele tempo, não existia um limite de idade. A escola enganou-se e caí de para-quedas na turma pior que por lá existia. Na altura, era normal existir aquilo que se chamava de "turma dos repetentes". Os alunos mais problemáticos iam lá parar. Pois... tive azar! Mocita habituada ao seu grupinho de escola primária. Umas profs maternais... mãezinha a levar o lanchinho na hora do recreio... Pois claro! Tinha de dar bronca! Não era menina da mamã... mas para lá caminhava. :)
O problema foi depois! Todos os meus colegas antigos foram parar à escola D. Fernando... e eu segui para a Visconde Juromenha, porque a minha madrezita achou que eu era pequena demais para andar de transportes publicos... sozinha e tal. Ok...
Segunda parte da história... tornei-me num alvo a abater. Claro! Não sabia lidar com aquele tipo de mentalidade... era tudo tão estranho... eu uma miuda... criança... no mundo de adultos... o que é se esperava? o que eles não contavam... foi com a minha teimosia! ás tantas com tanta parvoice que a minha directora de turma despejou sobre a minha mãe, quando esta foi falar sobre o que estava a acontecer... chatiei-me! lol Resolvi dar um basta na questão! Por um lado... tudo o que aconteceu foi excelente! Muito bom mesmo! Porque me deu capacidades... para evoluir. Dar a volta. Tornar-me mais forte. E mais prática! :) Dediquei-me a descobrir meios que os pudessem vencer. E consegui. Aos poucos entrei em grupos com quem essa malta não se metia. Pessoal, que apesar dos enormes problemas que tinham na vida... foram excelentes comigo. Infelizmente, a maior parte deles morreram... por causa da droga... acidentes... etc. Destaco um deles que me tratava como uma "irmãzita". Tinha a alcunha de Cazuza. Um punk, que se ofendia se algum deles se atrevesse a tomar droga frente a mim. :) Ele e os amigos meteram na linha, os meus colegas de turma. :) E foi a minha sorte... senão era engolida!
Quanto à criança que esta semana foi noticia... muito existe para dizer. Lamento tanto! Mas tanto! :( Tenho tantas perguntas para fazer...
Eu sei que ao longo dos anos, a preocupação pela educação das nossas crianças foi diminuindo por parte dos pais. O facto de não se ter uma autoridade de forma efectiva nas nossas escolas, leva a que muitos comportamentos se agravem. Não podemos desresponsabilizar ninguém! Alunos problemáticos sempre existiram. Muitos deles, só precisavam de uma palavra amiga, porque o que pretendiam passar para o exterior era algum tipo de revolta. Agora... maldade... perversão... epá... isso já são outros contornos. Muitas vezes, essas atitudes são resultado de não lhes ter sido dito uns valentes nãos! Aprenderam que podem fazer o que lhes dá na real gana. Et voilá! Tá feito! Não interessa quem é a vitima. Apenas importa o resultado! Onde estão os moços que tiveram essas atitudes? Onde está o peso da consciência para pedir desculpa por um suposto facto que foi concretizado por eles de forma indirecta? Uma consequência dos seus actos. Ok... a familia poderá ser disfuncional... também admito essa hipotese... e aí dá para ter uma certa desculpabilização... mas e quem devia proteger? onde estavam? ah já sei... a velha máxima "os assuntos de crianças devem ser tratados entre eles". Outro caso que surgiu, foi o de uma miuda que durante uma aula foi agredida de forma violenta nas pernas, até estas ficarem negras... e a prof disse que não viu nada? se calhar apanha-se porrada e fica-se silencioso? não se chora... no minimo... claro! Tenham dó!
Acho que já estou a divagar... desculpem!