quinta-feira, julho 02, 2015

Mudanças...

Há cinco anos estava a viver um dos piores pesadelos da minha vida. Passou ao lado da maioria dos conhecidos... e obtive as melhores atitudes daqueles que me rodeavam. Foi um ano de muitas mudanças. Coisas em que acreditava desapareceram... valores alteraram-se... um autêntico inferno. E hoje, é o aniversário do dia em que quase ia perdendo um dos bens mais preciosos da existência humana: a visão. Por um lado os amigos verdadeiros não me deixou pensar muito no assunto. Deram-me a mão para subir as escadas... para atravessar passeios... para me sentar no sítio certo... pegaram em mim e ofereceram o seu carinho. Perder autonomia é das coisas mais complicadas de gerir, mas eles fizeram isso com naturalidade, sem me deixarem naquele impasse envergonhado por estar a pedir ajuda. Nada está preparado para quem se encontra nessa situação. Infra-estruturas não adequadas... pessoas com pouca informação... sociedade a apontar dedos... tudo tem o triplo das dificuldades. Quanto à família? receber a notícia e ter de fazer a gestão da dita entre o levantar da cadeira do consultório até chegar à porta e depois mostrar um enorme sorriso de quem não está preocupada, porque lá fora está alguém que amamos e que não sabe nada daquilo que se está a passar, foi das coisas mais violentas no campo emocional que tive de fazer até hoje. Entretanto, algumas coisas desmoronaram-se. Amizades desfizeram-se. Certezas... tornaram-se incertezas. Foi uma verdadeira descida ao poço interior do meu EU. Um renascer das cinzas. Passados uns meses, mais precisamente em Abril do ano seguinte fiz o transplante. Estava no limite... com 2% de visão era a única salvação. E venci. A melhor sensação que tive até hoje foi quando voltei a ver as cores... os rostos... aquilo que me rodeava e que por um instante pensei que ia perder, e que só iriam ficar as memórias.
Portanto, hoje celebra-se a morte da antiga Adelaide e o nascimento de quem sou hoje. Um verdadeiro marco. Uma versão melhorada. :) Acho!
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