"Eu sou um doido que estranha a sua própria alma...
Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos..."
quinta-feira, setembro 10, 2020
Renascido das cinzas...
O tempo passou sem ter tido a noção exacta de tal acontecimento. Dois anos se passaram desde a última vez que toquei neste cantinho. Não foi um afastamento intencional... longe disso. Foi algo natural. Sem querer. Ou terá sido uma inconsciência consciente? aconteceu. Só isso.
Meia noite...
Hoje, como todos os anos, faço questão de vir aqui dar-te os parabéns. Já são 14 anos... um adolescente na sua plenitude. Quem diria que chegarias tão longe. Por vezes, não me apetece escrever nada. Afinal só estamos cá nós os dois. :P Não te dou a mais ninguém. Mas existem outras alturas, onde me fazes falta. Ainda não percebi muito bem o porquê... mas esse é o sentimento que nutro por ti. Talvez seja uma questão de hábito... sei lá. Qualquer coisa meio parva e lá regresso às origens. Continuas sem rumo... faço questão que tal aconteça. Não tenho linhas para te coser destinos... temas certos... podia ser bem mais interessante. Aceito. Mas não quero. Não desejo que tenhas amarras. Gosto quando abres as asas e voas para qualquer lugar, sem hora ou percurso previamente marcado.
Mas, para além de ser o teu aniversário, também é o meu. Mudámos nestes anos. tanto. Ou melhor dizendo, eu alterei a minha forma de pensar. Ou regressei a mim mesma. Durante um tempo andei perdida... foram tantos problemas, tantos passos que tive de recuar quando desejava seguir em frente, quando lutava para que tal acontecesse. Sinceramente? acho que precisei disso, não precisava que essa fase durasse aquela imensidão temporal. Não necessitava mesmo... mas valeu a pena. Afinal, conseguimos aguentar bem mais do que aquilo que pensamos. Senti-me quase uma "Admastora". Hoje? Quando deu a meia-noite, estava a fazer a minha candidatura para o mestrado. Escolhi esta data, como um presente merecido. O próximo passo. O gigante. Se estou com medo? claro que sim. Licenciaturas já é um "hábito", sei onde me posso movimentar... agora este grau, é diferente. Mas sigo de cabeça levantada. Estou feliz, e isso para mim é o que me interessa. Vou fazer o que amo... é uma ajuda. :) Um enorme desafio... mas estou consciente disso, e de tudo o que advém daí. Quero aprender mais e mais e mais... quero ver o mundo com cores ainda mais brilhantes... descobrir coisas novas. :) Mereço! Trabalhei para isso. Portanto, pode-se dizer que este ano vai ser a continuação do que tenho andado a fazer: construir rumos... tentar ser feliz... fazer as escolhas, de acordo com a minha vontade. Voltando ao teu dia, podemos comparar-nos. :) Quando eu tinha 14 anos, era uma adolescente que pensava no mundo como algo para tornar melhor. Já andava com a mania do direito... e da história. :P Ou ia ser uma Indiana Jones, ou uma grande juíza que colocava os maus na prisão. :P Bem, Indiana Jones, posso ser... é só arranjar um chapéu e um belo chicote, juíza, hum... duvido. :P A democracia na qual vivemos, faz-nos perceber na fase adulta que afinal a justiça não é igual para todos... os maus, na maioria das vezes, safam-se e os bons, pobres pagam pelos erros dos outros. Infelizmente.
Deixo-te aqui uma música que me tocou por várias formas... porque nestas alturas queria abraçar todos aqueles que amo ou amei ao longo da minha vida. E alguns já partiram... :) um beijinho para todos eles, no meu dia. O vosso lugar vai estar para sempre no meu coração. E hoje, como em todas estas horas, na hora de celebração, irei recordar-me de alguns... pelos nossos momentos. Porque fazem eternamente parte de quem sou. :)
Temos sempre grandes amores nos caminhos que percorremos. Sejam físicos, sejam gostos particulares. Eu tenho uns quantos. :) De alguma forma, fui conseguindo levar para a frente, tudo aquilo que me faz sentir bem. Com ou sem obstáculos, tenho chegado lá. Mas, como a vida é peculiar, cada folha escrita, ou que deixámos, lá atrás, em branco, tem sempre uma forma de dizer que aquele pedacinho nos pertence. É nosso. Comigo aparecem imensas vezes esse tipo de sinais. :) Este ano, finalista de história, é o pão nosso de cada dia.
Em 94, quando concorri pela primeira vez à universidade, estive até ao último instante dividida entre Direito e história, vertente arqueologia, Qualquer um dos cursos me iria fazer feliz. Confesso isso. Mas largando uma pretensão, a outra ficaria adormecida, à espera de acordar... de ver a luz do dia. E sim, está a acontecer. Não sei o que irei sentir quando observar os 180 ECTS, no portal, ligados a esta licenciatura. Não sei mesmo. Mas sei de uma coisa: de certeza... vai ser um dos dias mais felizes da minha vida. Sem exagero. E está quase... tão perto. O esforço tem sido enorme... mas vale a pena. Planos para a fase seguinte, já existem. :) Neste momento, será um passinho de cada vez.
Entretanto, hoje, pré e proto história bateram-me na cabeça, para me dizerem que eu fiz mal em ter deixado para trás essa viagem... ofereceram-me um sorriso idiota. Daquele tipo que motiva e nos faz esquecer os momentos menos bons.
E para o ano? lamechas como sou, se acontecer o que pretendo, nesse primeiro dia, acho que vou inundar a zona de Coimbra. Porque será o culminar de um longo sonho.... :)
Vamos lá... a pedra filosofal está nas nossas mãos... os sonhos fazem-nos pular e avançar... sempre!
Isto foi escrito no dia em que te reencontrei. Nesse dia foste um bálsamo para a minha alma. Conseguiste fazer-me sorrir. E isso, não tem preço. Entretanto, cada um seguiu o seu caminho. :) Quando eu digo que só amei uma vez, não estou a mentir. Nunca mais senti aquele formigar instantâneo, como acontecia quando te encontravas perto, mesmo que eu não te conseguisse ver. Estavas lá... simplesmente isso. Por muito que faça força, para voltar a querer daquela forma, não consigo. Foste a minha história mais simples. Aquela tonalidade certa. E sim, deves-me uma última dança. :)
Será...
que o tempo... pergunta mesmo ao tempo, quanto tempo o tempo tem? :) Não sei... mas as nossas memórias são intemporais. 20 anos... podem parecer 2 dias. Um até logo. Um até já. Um até amanhã. :) Sinto o sabor dos beijos roubados... os olhares trocados... um aperto de mãos mais prolongado. Um acenar... que nunca significa adeus. :) Mas foi. Durante minutos... que se transformaram em horas... dias... e hoje estamos... aqui. Ou ali. Sentados no mesmo banco de jardim... a olhar para os mesmos olhos... umas rugas que não existiam. Umas mãos mais calejadas... conta-me! Deixa-me escutar a tua voz. Recordo-me dela quando ainda éramos jovens. Como estará agora? :) Eras tão doce... meigo. O teu timbre terá ainda essas características? Quero descobrir o menino dentro do homem. Desejo reencontrar o teu sorriso... és tu? sim... és! Tive saudades. Sabias? Não! Como poderias... estavas longe. Hoje perto.
Quando partiste, levaste contigo um pedaço de mim. Aquele que eu nunca mais consegui recuperar. As tuas palavras... os teus gestos... o teu querer... o teu ser... procurei noutras pessoas... mas não eras tu. Não podias ser.
Agora estás aqui... um bocadinho... muito... pouco... já vais? espera... deixa-me olhar para ti de novo.... outros dias... outros anos... pensarás em mim? vais esquecer-me um dia... talvez mais 20 anos se passem... e só aí, talvez neste mesmo banco de jardim... a despedida seja feita. Com um sorriso? um abraço? :)
Tive saudades tuas... sabias?
Deves-me uma dança! :) Não me esqueci! :) Espero que saibas que te vou cobrar. :)
Por vezes, olhamos para trás e percebemos que deixámos muitas coisas por fazer. Assumimos que não temos tempos... corremos feitos baratas tontas de um lado para o outro, e largamos pormenores, espaços... pessoas, sem querer, ou querendo de forma inconsciente. Hoje acordei e percebi que entretanto, não se passaram somente 10 anos... foram 21 anos. Estranho não é? os cafés foram sendo adiados... as conversas tornaram-se escassas... tu cresceste... e eu também. Mas em caminhos separados. Hoje enquanto colocávamos as histórias de vida em dia, percebi que fomos tontas. Muito. Senti a tua falta. As nossas conversas que ninguém entendia... os códigos parvos que inventámos... gostei de ti ao primeiro impacto. E fomos uma dupla imbatível. Para sofrimento dos nossos professores. lolol Na altura com 13 anos, só podia ser... certo? com um problema comum: tagarelice aguda, não dava margem para dúvidas. O interessante, é que hoje, durante o encontro, coloquei-me no papel activo, mas também de observadora. E notei que nada tinha mudado. Na essência, conseguimos ultrapassar tudo e manter intocável a parte principal: a nossa amizade. E isso deixa-me muito feliz.
Ando na altura onde contar uma história tem de ser um acto natural. :) "Era uma vez"... "há muito muito tempo atrás..." e outras nuances que todos conhecemos. Divergir sobre algo perante dois meninos, tendo idades compreendidas entre o ano e meio e três anos e alguns meses, não é fácil. Curiosos... inocentes... verdadeiros... despejam as suas ideias sem nos darem tempo para assimilar contextos. :) Então temos de nos valer de livros. Já possuem uma biblioteca de respeito. :P A avó, o avô... a tia... vizinhos... mãe... tudo ajuda a aumentar as páginas que completam esses contos.
De todos, destaco 2. Adoro aqueles livros. Fiquei emocionada quando andei à procura de algo especial. :) Quero isso para eles. Que sintam as palavras desde tenra idade.... que as visualizem... que possam voar com elas. :) Se eu tive a sorte de ter isso na minha vida, na idade deles, também desejo isso para eles. Neste caso, um é da Alice Vieira, cujo título é "Avó", e o outro é da Sofia Fraga "A Tartaruga Celeste e o Menino que Chorava Música", Pela primeira autora tenho um imenso carinho. Portanto, é inequívoco que quando se trata de crianças, procuro imediatamente a sua sensibilidade, equiparada pois claro pela Matilde Rosa Araújo, ou pela Sophia de Mello Breyner. :) Foi da Alice Vieira o meu primeiro livro: "Rosa, minha irmã Rosa". Pois é. Tinha acabado de aprender a ler, quando me ofereceram... por sorte, o período da minha vida dessa altura, coincidiu com a história da personagem: a chegada de uma irmã. No meu caso, não passei pelo drama, mas foi giro. :P Depois vieram as outras histórias da sequela. Felizmente, nunca me ofereceram historietas da "Martine". :P Odiava essa mocinha. Uma insonsa no meu entender. lol Graças à minha tia Zé, uma mulher que viajava por todo o mundo, tinha BD e outros géneros de várias línguas, mesmo quando ainda não entendia nada, nem sequer o português, quanto mais os outros dialectos. :P Habituei-me a estar cercada de livros. Era daquelas crianças que brincava com os amiguinhos, mas andava sempre com uma história para terminar. E sim, também usei algumas vezes, o truque das lanternas debaixo dos cobertores, porque queria ler mais um bocadinho. :P Voltando ao assunto... está claro que a tia, eu... dos meus meninos, anda a tentar passar esse amor. :) Só podia! O T. está habituado a lidar com esse gosto. Gosta de tocar... tem curiosidade... quer sempre mais um pouco. O G. também. Felizmente! :P E fico muito feliz por termos mais este elo. Ah sim... o post... estava a falar da Alice Vieira... pois... descobri um livro que me diz muito. Sobre o significado de termos avós na nossa vida. Para mim é claro como água que quando o vi, sentei-me e ao desfolhar aquelas páginas fiquei emocionada. Esse tema diz-me muito. :) Acho que todas as crianças devem criar elos com esses entes. Deve existir uma passagem de testemunho nesse sentido. Eu tive essa sorte. Por pouco tempo... mas sim, tive. E ando a a sentir falta desse ser desde o dia em que partiu. Mas se me perguntarem se vale a pena ter saudades dela? vale! Significa que aquilo que vivemos foi muito especial. E sempre me perguntei como teriam sido as nossas conversas ao longo dos anos... o que me teria dito em x ou y momento. Se teria sentido orgulho de mim... ou iria ralhar comigo... sei que deixou cá dentro de mim a sua semente. Como é que percebo isso? na forma como lido com os nossos meninos. Dou por mim a agir como ela fazia comigo. :) E isso está certo. Se eu me senti bem naqueles momentos, e se eu tenho esta relação tão bonita com o T e com o G. é porque tudo está no lado certo do coração.
Ontem morreu uma das minhas referências de tantos e longos anos: Zé Pedro. Fez parte de uma banda de culto, que sigo desde os meus 12...13 anos. A última vez que o vi, estava tão débil... tão fraquinho. Confesso que só me apeteceu sair dali, porque a memória que todos ali, naquela sala, tinham dele, era o de um miúdo travesso, com os olhos brilhantes, que se notava à distância quando estava a divertir-se. Quando sabia que tinha o público na sua palma da mão, arrebentava com aquilo tudo. Ao longo destes anos, assisti a não sei quantos concertos, perdi a conta há muito tempo, mas a emoção era a mesma. Foram horas de filas, noites a dormir à porta da estação das camionetas, ou dos comboios, em grupo ou sozinha, não falhava. Acho que o Zé Pedro foi o meu primeiro crush musical. :P Confesso. Não foi só a minha pessoa que sofreu este impacto em idade mental fértil, ouvi com cada comentário, por parte da mulherada que faziam corar "um pouco". :) E ele sabia. O magano safadinho percebia que o seu charme encantava, além da música. :P
Na minha memória vai ficar a sua voz, que toda a gente sabia, não ser muito boa, mas que se perdoava, porque era ele, tal como o Kalu. :) Ou aqueles tiques, e olhares para engatar o público... para sabermos que ele nos estava a cuscar, a tentar pegar em nós. Os seus acordes. E principalmente um lado humanitário. Ele olhava para aquilo que o rodeava. Assisti a algumas das suas causas e admirava-o ainda mais por isso.
Não era perfeito, e até isso assumia. Ao contar a sua história de vida, ao enviar alertas... lições de vida. :)
Quanto a mim, só tenho de agradecer tantos e bons momentos que passei a escutar as suas músicas (e da banda, como é óbvio). As vezes, em que me encontrei chateada, olhei nas notícias\feeds para saber se existia algo interessante para desanuviar a cabeça, e que me deparei com a data de algum concerto, peguei nas chaves, carteira e abalei "estrada fora", são inúmeras na minha memória. E nunca, jamais me arrependi! Foi bom! Muito bom, direi mesmo! :)
Ontem, foi o fim de uma era. Foi isto que senti quando soube do falecimento dele. Derramei lágrimas, relembrando maus momentos que algumas das músicas daquela banda\dele acompanharam; sorri porque também existiu o contrário, ou seja, bons momentos que as músicas deles deram uma outra conotação. Foram muitos anos...
A minha música, o meu lema... a minha vida! :)
E a música que mais sermões me deu direito! :P Afinal, um pai escutar a sua filhota, com 13 anos, cantar isto a plenos pulmões, dá direito a quase ter um enfarte. Pois, foi essa a posição do meu velhote. Olhando para trás, penso que ele não estava preparado para enfrentar esta situação. lol